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Sobre sermos eternamente responsáveis

A máxima de Antoine de Saint-Exupéry de que “tu te tornas eternamente responsável pelo que cativas” não é mera frase de efeito, tampouco um simples aforismo que se tornou cult. As palavras escritas pelo autor de O Pequeno Príncipe tornaram-se célebres porque todo mundo as compreende, todo mundo as vivencia.
Em um relacionamento, pegar um pouco do outro e deixar um pouco de si é algo que acontece naturalmente. Ocorre pouco a pouco, dia após dia. São as manias, as gírias, os gostos, as brincadeiras, as músicas, os gestos... Quando se dão conta, já estão naquele estágio em que pensam a mesma coisa, ao mesmo tempo. É uma conexão construída tendo o amor como matéria-prima.
Claro que não são apenas uma pessoa. Não se trata daquele clichê da metade da laranja. Cada pessoa é uma laranja completa. Os casais sabem disso, mas sabem também que um relacionamento está em constante expansão. A cada dia um pouco é aprendido e um pouco ensinado.
Mas às vezes, por um motivo ou outro, aquela caminhada conjunta chega ao fim. O fim de uma era pode vir de uma vez, sem bater à porta ou pedir licença. Leva uma parte e deixa um buraco, um nada, um vazio...
Você está sozinho novamente, mas não é o mesmo. Então, se dá conta de que essas mudanças são decorrência de seu relacionamento. E percebe que a outra pessoa também está diferente, e o motivo é você.
Mesmo que sem perceber, se infiltraram um no outro e se transformaram. Deixaram de lado algo que era de vocês e absorveram algo que era do outro. Aprenderam, desconstruíram, conheceram, exploraram e se cativaram. Por isso, se tornaram eternamente responsáveis, mesmo que os caminhos tenham se desencontrado.
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